Obesidade  

Sou obeso e quero mudar esta realidade

 

A obesidade é uma doença que afeta indivíduos de forma física, psíquica e social, podendo ser causada por múltiplos fatores como doenças endocrinológicas e psiquiátricas, genética, ausência ou diminuição da atividade física, comportamento alimentar inadequado, além dos fatores emocionais. As condições médicas que podem levar à obesidade são responsáveis por menos de 2% dos casos de obesidade.

Noventa e cinco por cento das pessoas tornam-se obesas por dois motivos: ou porque comem exageradamente e/ou porque gastam poucas calorias, mesmo que algumas insistam em dizer que não comem quase nada.

A prevalência da obesidade está aumentando em todo o mundo, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. Estamos assistindo a chamada “transição nutricional”, que consiste na redução dos índices de desnutrição e aumento da obesidade. As condições associadas à obesidade, como doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemia, hipertensão, alguns tipos de tumores como o câncer de cólon, reto e próstata em homens obesos e de câncer de mama, vesícula e endométrio em mulheres obesas, também estão aumentando. A obesidade ainda predispõe a doenças como colelitíase (“pedras na vesícula”), osteoartrite, osteoartrose, esteatose hepática, apnéia obstrutiva do sono, alterações dos ciclos menstruais e redução da fertilidade.

Todas estas situações podem ser melhoradas com o emagrecimento. Uma redução de 5% a 10% no seu peso corpóreo é uma medida efetiva ao combate das condições mórbidas que aumentam o risco cardiovascular. Basta você decidir se quer ou não mudar os seus hábitos.

Como saber se você é obeso?

O índice de massa corporal, também conhecido como IMC, é a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Ele é calculado dividindo o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. A partir do resultado deste cálculo, basta olhar a tabela abaixo e saber a zona de risco em que você se encontra.

Legenda recomendada pela Organização Mundial de Saúde 

IMC (Kg / M^2)

Definição 

Risco de Comorbidade 

< 18.5  Baixo peso   
18.6 a 24.9  Normal   
25 a 29  Pré-obeso  Aumentado 
30 a 34.9  Obesidade Classe 1  Moderado 
35 a 39.9  Obesidade Classe 2 Grave 
> 40  Obesidade Classe 3 Muito Grave 
     

A forma como a gordura se distribui no corpo também influencia nas comorbidades. O depósito em forma de maçã ( maior em tórax e abdomem em relação ao quadril) influencia a maior  correlação com isquemia coronariana, diabetes melito, hipertensão arterial e dislipidemias.

 

 

Existem técnicas para controlar a ingestão de alimentos?

Procure fazer três refeições principais durante o dia, anotando durante sete dias os alimentos que você consumiu. Anotando durante sete dias os alimentos que você consumiu e avaliando o conteúdo de calorias e a composição da dieta em termos de macronutrientes. Os macronutrientes é que fornecem as calorias aos alimentos. São eles: os carboidratos, as proteínas e as gorduras.

Procure se alimentar todos os dias na mesma hora e no mesmo local da casa.

Coma somente se estiver sentado. Isto evita consumir pequenas quantidades de alimento, em pé, diante da geladeira, por exemplo. Evite comer sob tensão.

Concentre-se nos alimentos que está consumindo, mastigando-os bem.

Elimine distrações tais como ler ou assistir televisão durante as refeições.

Use pratos pequenos para os alimentos e não coloque travessas com alimentos sobre a mesa. levante-se da mesa ao se sentir satisfeito.

Cozinhe porções menores de alimentos.

Diminua o ritmo da refeição, interrompendo a e  descansando os talheres sobre a mesa várias vezes.

Não use condimentos calóricos, como catchup, mostarda ou maionese.

Não faça compras de alimentos nos supermercados com fome ou antes das refeições. Isto ajuda a evitar o consumismo desenfreado e a compra  em  maior e desnecessária de alimentos calóricos.

Evite servir-se pela segunda vez.

Procure avaliar se os seus hábitos alimentares favorecem ou não o ganho de peso. Caso sua resposta seja positiva, faça um plano para corrigir os fatores que, no seu caso, favorecem o ganho de peso. Procure expor seu plano ao medico q o acompanha.

Procure dormir bem. Durante o sono normal, a regulação hormonal favorece a saciedade e regula o metabolismo do organismo. A leptina, substância liberada durante o sono, controla a gordura do corpo dando sinais de que estamos alimentados. Quando o corpo é privado do sono, a leptina é reduzida, aumentando a vontade de comer. Em média, um adulto saudável necessita de 6 a 8 horas de sono por dia.

Procure comer mais frutas, verduras, nozes e grãos.

Reduza açúcar e gorduras na sua dieta. Mude das gorduras animais para as gorduras saudáveis segundo a orientação do seu médico.

 

Cirurgia bariátrica. O que é isso?

Existe situações de necessidade de associar uma intervenção médica como a cirurgia bariática (cirurgia para redução do tamanho do estômago), deve resolver o problema. A maioria desses casos são aqueles em que o índice de massa corporal atinge valores superiores a 40 kg/m^2. Ou casos associados a severas comorbidades.

 

Nestes obesos, os inúmeros tratamentos e a oscilação ponderal, além do potencial genético, agravam o quadro clínico. As doenças associadas à obesidade grau III (hipertensão arterial, artropatias, dislipidemias, diabetes, disfunções respiratórias, etc), geraram o termo “obesidade mórbida”, que deve ser abandonado.

 

Existem vários tipos de cirurgia bariátrica. Em algumas há redução do tamanho do estômago, com variações denominadas: banda vertical ajustável, gastroplastia vertical, gastroplastia vertical com by-pass em y de Roux. Esta última, também chamada Capella ou Fobi-Capella, é a mais utilizada atualmente. Além da restrição causada pela diminuição do volume do estômago, ocorre uma pequena disabsorção dos alimentos, porque eles deixam de passar pela primeira parte do intestino delgado.

 

Outro tipo é a cirurgia disabsortiva (ou Derivação bilio-pancreática), chamada de cirurgia de Scopinaro. Neste caso, o paciente terá mais liberdade de comer maior quantidade de alimentos, já que não há grande diminuição do estômago, que fica com 2/3 do seu tamanho original. O que é feito aqui é um grande desvio do alimento, que vai para o intestino grosso.

 

Estes pacientes submetidos à gastroplastia redutora devem ser acompanhados, recebendo orientações específicas para elaboração de uma dieta equilibrada. A adesão ao tratamento deverá ser avaliada, uma vez que pacientes instáveis psicologicamente podem recorrer a preparações de alta densidade calórica, de baixa qualidade nutricional, como alimentos açucarados, gordurosos e alcólicos, colocando em risco o sucesso da intervenção a longo prazo.

 

Existem contra-indicações para a realização desta cirurgia como, por exemplo, cirrose hepática, algumas doenças renais e psiquiátricas graves, adição e disfunções hormonais. Todas devem ser avaliadas por profissionais com prática e especialização neste assunto.

 

Em todos os casos você deverá, obrigatoriamente, ter pleno conhecimento das características, necessidades, riscos e limitações de cada cirurgia. Participe de reuniões com uma equipe multiprofissional e com pacientes já operados para poder ter certeza da sua decisão.

 

Os cuidados a serem tomados antes e após cada cirurgia vão depender de cada caso, mas no geral consistem de avaliação clínico laboratorial específicas). Caso o paciente tenha alguma doença que necessite tratamento e controle prévio, a cirurgia será adiada até que se obtenha a melhor condição clínica.

 

Os obesos que passam por uma cirurgia bariátrica necessitam de orientação nutricional permamente para suplementar a dieta com compostos ricos em proteínas, vitamina B12, vitamina D,Cálcio e Ferro se necessários.Cuidados especiais para evitar casos de desnutrição após a cirurgia também são necessários.

 

 Nos primeiros meses, a redução no peso pode chegar a cerca de sete a oito quilos. Os pacientes com quadro de diabetes tipo 2 podem conseguir melhor estabilização do quadro e preisam estar em acompanhamento com o endocrinologista.

 

Todos os tipos de tratamento da obesidade, do mais simples ao mais radical, exigem empenho e determinação. Será sempre necessário um suporte multiprofissional e a adequação da dieta às novas metas a serem alcançadas. Para garantir um bom nível de adesão e o sucesso terapêutico, sua motivação é essencial e pode ser auxiliada por orientações com embasamento técnico e científico de qualidade, ajudando na solução ou diminuição do problema.

 

Como melhorar minha atividade física?

O início das atividades deve ser gradual e de acordo com a sua capacidade física. Assim elas não serão um peso para você. Pelo contrário, se você souber aproveitar este momento elas serão fonte de prazer diário.

Mantenha os exercícios com horários fixos, para que eles se tornem um hábito. Isso fará com que você sinta falta deles o dia que não fizer.

Utilize escadas ao invés de elevadores e dispense o carro, sempre que possível, para dar uma caminhada.

Pratique jardinagem, lave o seu carro, leve seu cachorro para passear e faça outras atividades domésticas que sejam interesantes e que ajudem você a se exercitar mais fisicamente.

Um companheiro ou amigo pode auxiliá-lo incentivando e exercitando-se junto.

Aproveite seu tempo livre para dançar, pedalar e caminhar em um local onde você tenha contato direto com a natureza.

 

Quais os benefícios da prática regular de atividades físicas?

Redução da pressão arterial;

Melhora da resistência insulínica;

Melhora da força muscular e da mobilidade articular;

Controle do peso corporal;

Melhora do perfil lipídico;

Maior condicionamento físico;

Aumento da auto-estima;

Melhora no bem-estar geral, alívio do stress e redução da depressão;

Manutenção da autonomia com melhora nas relações interpessoais.

A obesidade tem relação com a idade?

Com o avançar da idade a quantidade de músculos tende a diminuir e a de gordura passa a representar maior porcentagem do peso total do corpo. Esta menor quantidade de massa muscular significa diminuição no metabolismo e diminuição na necessidade de calorias. Se você não diminuir a ingestão calórica com a idade, certamente você ganhará peso.

 

A incidência de obesidade na infância está aumentando em todo o mundo. No Brasil está ocorrendo um aumento marcante da obesidade infantil e de suas possíveis complicações clínicas. Ela predomina no primeiro ano e após o oitavo ano de vida e é maior nas famílias de maior renda. Atualmente as crianças ficam muito em casa, sentadas ou deitadas na cama, jogam video-game por tempo prolongado, navegam pela internet, assistem vídeos ou estão ligadas na TV. Diminuíram suas atividades ao ar livre, com conseqüente diminuição do gasto energético e aumento do peso.

 

É em torno dos dois anos e meio que se definem o número de células gordurosas de uma pessoa adulta. Uma criança com excesso de peso pode ter maior número de células gordurosas que uma criança com peso normal. Na fase adulta, tendo maior número de células gordurosas, essa pessoa terá maior dificuldade em se manter magro. As pessoas que possuem menor número de células gordurosas, mesmo que venham a ganhar algum peso, não serão obesas, já que possuem poucas células que armazenam gordura.